Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.
Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?
Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimentoque lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?
Ninguém responde, a vida é pétrea.
E para 2009?
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo,
eu sei que não é fácil, mas tente,
experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
sábado, 13 de dezembro de 2008
Quando um pedaço de mim...
Morreu.
Haverá vida depois da morte?
Morre-se de muitas maneiras, todos os dias, todas as noites.
Viveu.
Haverá vida depois da vida? Aquela vida...
Just an illusion.
"As coisas que não conseguem ser olvidadas
continuam acontecendo.
Sentimo-las como da primeira vez, sentimo-las fora do tempo,
nesse mundo do sempre onde as datas não datam.
Só no mundo do nunca existem lápides...
Que importa se – depois de tudo – tenha "ele" partido, casado, mudado, sumido, esquecido, enganado, ou que quer que te haja feito, em suma?
Tiveste uma parte da sua vida que foi só tua e, esta,
"ele" jamais a poderá passar de ti para ninguém.
Há bens inalienáveis, há certos momentos que, ao contrário do que pensas,
fazem parte da tua vida presente e não do teu passado.
E abrem-se no teu sorriso mesmo quando, deslembrado deles, estiveres sorrindo a outras coisas.
Ah, nem queiras saber o quanto deves à ingrata criatura...
A thing of beauty is a joy for ever
disse, há cento e muitos anos,
um poeta inglês que não conseguiu morrer."
Mário Quintana
Haverá vida depois da morte?
Morre-se de muitas maneiras, todos os dias, todas as noites.
Viveu.
Haverá vida depois da vida? Aquela vida...
Just an illusion.
"As coisas que não conseguem ser olvidadas
continuam acontecendo.
Sentimo-las como da primeira vez, sentimo-las fora do tempo,
nesse mundo do sempre onde as datas não datam.
Só no mundo do nunca existem lápides...
Que importa se – depois de tudo – tenha "ele" partido, casado, mudado, sumido, esquecido, enganado, ou que quer que te haja feito, em suma?
Tiveste uma parte da sua vida que foi só tua e, esta,
"ele" jamais a poderá passar de ti para ninguém.
Há bens inalienáveis, há certos momentos que, ao contrário do que pensas,
fazem parte da tua vida presente e não do teu passado.
E abrem-se no teu sorriso mesmo quando, deslembrado deles, estiveres sorrindo a outras coisas.
Ah, nem queiras saber o quanto deves à ingrata criatura...
A thing of beauty is a joy for ever
disse, há cento e muitos anos,
um poeta inglês que não conseguiu morrer."
Mário Quintana
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
inútil...
Cada día pienso en tí
Pienso un poco más en tí
Despedazo mi razón
Se destruye algo de mi
Cada día pienso en tí
Pienso un poco más en tí
Cada día pienso en tí
Pienso un poco más en tí
Cada vez que sale el sol
Busco en algo el valor
Para continuar así
Y te veo asi no te toque
Rezo por ti cada noche
Amanece y pienso en tí
Y retumba en mis oidos
El tictac de los relojes
Y sigo pensando en tí
Y sigo pensando….
Pienso un poco más en tí
Despedazo mi razón
Se destruye algo de mi
Cada día pienso en tí
Pienso un poco más en tí
Cada día pienso en tí
Pienso un poco más en tí
Cada vez que sale el sol
Busco en algo el valor
Para continuar así
Y te veo asi no te toque
Rezo por ti cada noche
Amanece y pienso en tí
Y retumba en mis oidos
El tictac de los relojes
Y sigo pensando en tí
Y sigo pensando….
sábado, 6 de dezembro de 2008
Sputnik, meu amor...
"... no fundo não passávamos de dois pedaços de metal, traçando cada um a sua órbita... cada um de nós navega sozinho sem destino certo, prisioneiro na sua própria CÁPSULA. Caso a órbita desses dois satélites se cruzassem, poderíamos então encontrar-nos. Talvez até abríssemos os nossos corações, mas apenas por um brevíssimo instante. No momento seguinte, voltaríamos a mergulhar na mais absoluta solidão. Até começarmos a arder e ficarmos reduzidos a nada..."
Haruki Murakami
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Se estivesses aqui... descalços...
(Ai de mim! Que desgraça! O creme de terra não voltará a aparecer!)
coisas simples
como ir contigo ao restaurante
ler o horóscopo e os pequenos escândalos
folhear revistas pornográficas e
demorarmo-nos dentro da banheira
na ladeia pouco há a fazer
falaremos do tempo
com os olhos presos dentro das chávenas
inventaremos palavras cruzadas na areia...
jogos e murmúrios de dedos por baixo da mesa
beberemos café
sorriremos à pessoas e às coisas
caminharemos lado a lado
os ombros tocando-se (se estivesses aqui!)
em silêncio olharíamos a foz do rio
é o brincar agitado do sol nas mãos das crianças
descalças
hoje...
Al Berto (Doze moradas de silêncio)
Descalços... ontem... ontem de há muito...
domingo, 30 de novembro de 2008
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Love is a strange place...
pensamentos,coraçao,quenaoparam,estaperdido...
what is that place? where is that place?
where I used to be happy.... please let me go there again. that place...
but I am still there...
apenasesquecer,partir,paraqualquerlugarforademim,paradepoisvoltarquandojanadaexistir....
that place...
coraçãoqueficouperdidonaqueleVale...
quejanaovale...
tudovale...
nadavale...
Vale...
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Partir... mais uma vez...
Eu queria ver no escuro do mundo
Onde está o que você quer
Pra me transformar no que te agrada
No que me faça ver
Quais são as cores e as coisas
Pra te prender
Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso te liguei
Será que você ainda pensa em mim
Será que você ainda pensa
Às vezes te odeio por quase um segundo
Depois te amo mais
Teus pelos, teu gosto, teu rosto, tudo, tudo
Que não me deixa em paz
Quais são as cores e as coisas pra te prender...
Onde está o que você quer
Pra me transformar no que te agrada
No que me faça ver
Quais são as cores e as coisas
Pra te prender
Eu tive um sonho ruim e acordei chorando
Por isso te liguei
Será que você ainda pensa em mim
Será que você ainda pensa
Às vezes te odeio por quase um segundo
Depois te amo mais
Teus pelos, teu gosto, teu rosto, tudo, tudo
Que não me deixa em paz
Quais são as cores e as coisas pra te prender...
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
viver... morrer...
Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres
no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Cecília Meireles
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres
no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Cecília Meireles
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Is there life outside?
... pesam as horas nos ombros estreitos... de quem parece querer tudo... ou nada... deixem-me só!!! não, espera, talvez não...
inventar o tempo, tempo dos idiotas que parecem preencher com tudo, o nada... aqui dentro...
ou pelo menos tentam, talvez... tentei?
Olhar de frente para o nada, que me consome...
deixem-me em paz...
sentir o sol quente na pele, arder, como arde aqui dentro, molhar, a pele, o sorriso...
apenas isto...
"estala, coração de vidro pintado"...
fica aos pedaços, até que do nada venha o tudo... de novo... nova estação, onde está?
Existirá?
Foto: Olhares.com
terça-feira, 4 de novembro de 2008
C´est pas moi...
Paris, é o título do novo filme de Cédric Klapisch. Depois de "Albergue Espanhol" e "Bonecas Russas", aterra-se na cidade luz... luz dos meus olhos, luz dos olhos teus... um cartão postal. Pourquoi les autres semblent toujours plus heureux... normal?Cenas da vida quotidiana... pedaços de vida, de morte, de amor, de desilusão, medo, sonho, encontro e desencontro. Luz dos teus olhos... onde está? onde estão?
C´est pas toi... moi... mais pourquoi?
Foto: Olhares.com
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Alguém já viu o rosto do vento?
... cansa-me o cheiro do vento frio... o vento não pára.
Outro vento, tocou-me, tocou-te,
já não nos toca, toca-te a ti, levou-te para longe...
o tempo não pára.... ou pára... parou.
Outro vento, tocou-me, tocou-te,
já não nos toca, toca-te a ti, levou-te para longe...
o tempo não pára.... ou pára... parou.
... cansa-me o escuro, as horas perdidas de sono,
as horas perdidas em que se espera... o que já não se espera,
não espero, mais...
"Em todas as ruas te encontro.
Em todas as ruas te perco."
Cesarinny
Cesarinny
Foto: Olhares.com
domingo, 26 de outubro de 2008
o tempo parou... aqui dentro...
...e de repente apareceu no meu rosto um rosto de estrangeiro
e era também eu mesmo: era eu que crescia,
era tu que crescias, era tudo,
e mudamos
e nunca mais soubemos quem éramos,
e às vezes recordamos aquele que viveu em nós
e lhe pedimos algo, talvez que se recorde de nós,
que saiba pelo menos que fomos ele,
que falamos com a sua língua,
mas das horas consumidas
aquele nos olha e não nos reconhece...
Neruda
e era também eu mesmo: era eu que crescia,
era tu que crescias, era tudo,
e mudamos
e nunca mais soubemos quem éramos,
e às vezes recordamos aquele que viveu em nós
e lhe pedimos algo, talvez que se recorde de nós,
que saiba pelo menos que fomos ele,
que falamos com a sua língua,
mas das horas consumidas
aquele nos olha e não nos reconhece...
Neruda
sábado, 11 de outubro de 2008
sexta-feira, 13 de junho de 2008
My Skin
...I need
The darkness
The sweetness
The sadness
The weakness
I need this
I need
A lullaby
A kiss goodnight
Angel sweet
Love of my life
O, I need this ...
Natalie Merchant - My Skin
The darkness
The sweetness
The sadness
The weakness
I need this
I need
A lullaby
A kiss goodnight
Angel sweet
Love of my life
O, I need this ...
Natalie Merchant - My Skin
quarta-feira, 4 de junho de 2008
new window, new york...
quinta-feira, 29 de maio de 2008
segunda-feira, 26 de maio de 2008
What happened?
sábado, 10 de maio de 2008
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Sweet about me ...nothing sweet about me! Perfect
« Tell you something
That I've found
That the worlds
Is a better place
When it's
Upside down...»
That I've found
That the worlds
Is a better place
When it's
Upside down...»
quarta-feira, 7 de maio de 2008
terça-feira, 6 de maio de 2008
Pensamento do Dia
"Damaged people are dangerous. They know they can survive."
"Em "Perdas e Danos"Louis Malle.
"Em "Perdas e Danos"Louis Malle.
Há sempre um momento de escolha
Closer....Perto demais!
«I fell in love with her...
as if you had no choice?
There's a moment, there's always a moment,
"I can do this, I can give into this, or I can resist it",
and I don't know when your moment was,
but I bet you there was one.»
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Recomeçar ...
domingo, 4 de maio de 2008
Leitura recomendável
"(...) Não foste capaz de incendiar a vida, de vivê-la e reduzi-la a cinzas, e escolher os caminhos sem medo.(...) "
http://cidadedosprodigios.blogspot.com/
http://cidadedosprodigios.blogspot.com/
O caminho faz-se caminhando...
« Há decisões que se tomam e que se lamentam a vida toda e há decisões que se amarga o resto da vida não se ter tomado.
E há ainda ocasiões em que uma decisão menor, quase banal, acaba por se transformar, por força do destino, numa decisão imensa,que não se buscava mas que vem ter connosco, mudando para sempre os dias que se imaginava ter pela frente.
Às vezes, são até esses golpes do destino que se substituem à nossa vontade paralisada, forçando a ruptura que temíamos, quebrando a segurança morta que habitávamos e abrindo as portas do desconheçido de que fugíamos...»
Rio das Flores- MST
sábado, 3 de maio de 2008
Revelaram-se tempos conturbados...ideias deturpadas
« Quem nunca sofreu por amor nunca aprenderá a amar.
Amar é o terror e perder o outro, é o medo do silêncio e do quarto deserto, de tudo o que se pensa sem poder falar, do que se murmura a sós sem ter a quem dizer em voz alta.
É preciso sentir esse terror para saber o que é amar.
E quando tudo enfim desaba e quando o outro partiu e deixou atrás de si o silêncio e o quarto deserto,por entre escombros e a humilhação de uma felicidade desfeita, resta o orgulho de saber que se amou»
Mais palavras para quê?
MST - Rio das Flores
Amar é o terror e perder o outro, é o medo do silêncio e do quarto deserto, de tudo o que se pensa sem poder falar, do que se murmura a sós sem ter a quem dizer em voz alta.
É preciso sentir esse terror para saber o que é amar.
E quando tudo enfim desaba e quando o outro partiu e deixou atrás de si o silêncio e o quarto deserto,por entre escombros e a humilhação de uma felicidade desfeita, resta o orgulho de saber que se amou»
Mais palavras para quê?
MST - Rio das Flores
quinta-feira, 24 de abril de 2008
terça-feira, 15 de abril de 2008
TENTATIVA 3 para entender a saudade: fome
Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença.
Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco:
quer-se absorver a outra pessoa toda.
Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.
Clarice Lispector
Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco:
quer-se absorver a outra pessoa toda.
Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.
Clarice Lispector
domingo, 13 de abril de 2008
TENTATIVA 2 para entender a saudade: solidão
Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade: aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos: não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.
Pablo Neruda
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade: aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos: não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.
Pablo Neruda
sábado, 12 de abril de 2008
quinta-feira, 10 de abril de 2008
TENTATIVA 1 para entender a saudade: presença
É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.
Mário Quintana
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.
Mário Quintana
domingo, 16 de março de 2008
partir...
terça-feira, 4 de março de 2008
domingo, 2 de março de 2008
... home, alone...
E o futuro????
... e o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...
(Toquinho e Vinícius, Aquarela)
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...
(Toquinho e Vinícius, Aquarela)
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Into the wild...
Excelente cinema... um filme que surpreende... louco, alucinante, poético, real, música, fotografia, uma história... uma estrada... em arte de fuga...
"A felicidade só é real quando é partilhada"... e não será mesmo?
"O Lado Selvagem", de Sean Penn, vale a pena por muitas coisas, quando não fosse a arte a imitar ou descrever a vida... Também descrita em livro, de Jon Krakauer.
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
Salve Vinícius
Quero chorar porque te amei demais
Quero morrer porque me deste a vida
Oh, meu amor, será que nunca hei de ter paz
Será que tudo que há em mim
Só quer sentir saudade
E já nem sei o que vai ser de mim
Tudo me diz que amar será meu fim
Que desespero traz o amor!
Eu nem sabia o que era o amor
Agora sei porque não sou feliz...
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
Que venham carnavais melhores...
...ainda é possível viver como antes? ainda se pode recomeçar?
recomeço... recomeçar... e de repente, algo ou alguém acontece... e já não há caminho de volta...
Há "Expiaçao", um filme de Joe Wright, baseado no romance de Ian McEwan. Fotografia, trilha sonora, amor, paixão, culpa e tormento, por tudo e isto e muito mais, vale a pena conferir.
recomeço... recomeçar... e de repente, algo ou alguém acontece... e já não há caminho de volta...
Há "Expiaçao", um filme de Joe Wright, baseado no romance de Ian McEwan. Fotografia, trilha sonora, amor, paixão, culpa e tormento, por tudo e isto e muito mais, vale a pena conferir.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Emigrar é...
"...como esvaziar e ter de encher de novo... é como ressuscitar para uma nova vida... diferente, longe..."
Imigrante brasileira em Portugal, ilegal, pendente da burocracia portuguesa
Imigrante brasileira em Portugal, ilegal, pendente da burocracia portuguesa
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Gokigen yo sayonara
Este caminho
Ninguém já o percorre,
Salvo o crepúsculo.
De que árvore florida
Chega? Não sei.
Mas é seu perfume.
Bashô Matsuo (1644–1694), considerado o primeiro e maior poeta japonês de haiku (*)
(*) O haiku deriva duma forma anterior de poesia, em voga no Japão entre os séculos IX e XII, designada por tanka; tinha 5 versos, de 5 e 7 sílabas, que tratavam temas religiosos ou ligados à corte.
Foto: Vista de Tóquio e Monte Fuji
Ninguém já o percorre,
Salvo o crepúsculo.
De que árvore florida
Chega? Não sei.
Mas é seu perfume.
Bashô Matsuo (1644–1694), considerado o primeiro e maior poeta japonês de haiku (*)
(*) O haiku deriva duma forma anterior de poesia, em voga no Japão entre os séculos IX e XII, designada por tanka; tinha 5 versos, de 5 e 7 sílabas, que tratavam temas religiosos ou ligados à corte.
Foto: Vista de Tóquio e Monte Fuji
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Walking Around
Acontece que me canso de meus pés e de minhas unhas,
do meu cabelo e até da minha sombra.
Acontece que me canso de ser homem.
Passeio calmamente, com olhos, com sapatos,
com fúria e esquecimento,
passo, atravesso escritórios e lojas ortopédicas,
e pátios onde há roupa pendurada num arame:
cuecas, toalhas e camisas que choram
lentas lágrimas sórdidas...
Pablo Neruda
Foto: Olhares.com
do meu cabelo e até da minha sombra.
Acontece que me canso de ser homem.
Passeio calmamente, com olhos, com sapatos,
com fúria e esquecimento,
passo, atravesso escritórios e lojas ortopédicas,
e pátios onde há roupa pendurada num arame:
cuecas, toalhas e camisas que choram
lentas lágrimas sórdidas...
Pablo Neruda
Foto: Olhares.com
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Silêncio...
"Por isso a segunda-feira arde como o petróleo
quando me vê chegar com esta cara de cárcere
e uiva no seu decurso como roda ferida,
e dá passos de sangue quente em direcção à noite... (*)
... segunda-feira... dica para bom cinema... "4 Meses, 3 Semanas, 2 Dias", Romênia, 1987, pleno comunismo... cru, planos estáticos, mal-estar, vidas sórdidas, momentos decisivos, emoções "abortadas"... "na vida real é muito pior", confirmam alguns. A vida real também é muito melhor... (espero)... "o que farias se estivesse grávida?!"... silêncio...
Silêncio...
(*) Neruda
quando me vê chegar com esta cara de cárcere
e uiva no seu decurso como roda ferida,
e dá passos de sangue quente em direcção à noite... (*)
... segunda-feira... dica para bom cinema... "4 Meses, 3 Semanas, 2 Dias", Romênia, 1987, pleno comunismo... cru, planos estáticos, mal-estar, vidas sórdidas, momentos decisivos, emoções "abortadas"... "na vida real é muito pior", confirmam alguns. A vida real também é muito melhor... (espero)... "o que farias se estivesse grávida?!"... silêncio...
Silêncio...
(*) Neruda
domingo, 20 de janeiro de 2008
Andar aos círculos...
Desço, compro o jornal, folhas de papel a anunciar um mundo enlouquecido... escondo-me no parque em frente, não à minha janela, mas à porta de saída... gosto de começar pelo fim, as últimas páginas, mania de quem tem pressa, não saber esperar, ou folhear aos poucos, no ritmo indicado, na ordem indicada, por números... toda a vida indicada por números... a idade, o pior deles... não... pelo menos com o meu jornal, deixem-me começar de outra forma... começar depois de uma noite de tertúlias... "saiu para passear com a esposa", não fosse este o grande disparate da noite... disparate é viver... disparate são os finais felizes... será que ainda existem?!
Gosto de me sentar ao sol, onde estão os bancos mais concorridos... casais, casais com cães, casais com filhos, os não casais, os ex-casais, o jornal e eu... o casal perfeito... pelo menos nesta manhã de domingo. Gosto também de olhar para as ávores... caladas... não há vento... como eu... não há vento... não saem do lugar... como será passar toda a vida num único lugar? ser sombra para os que passam... vão e voltam? volto ao jornal... distraio-me a olhar uma senhora, cabelos brancos, óculos no nariz, bengala na mão, vem sozinha... a segunda vez que passa por mim... anda aos círculos...
Entre as árvores imóveis e a senhora que passa... volto às folhas, não das árvores, mas do jornal... são tantas... mais do que o número de anos de uma vida... talvez... chego ao início, por fim... sempre bom voltar ao início... recomeçar e escolher novos círculos... o vento há de cuidar destas árvores... o tempo há de mostrar o caminho...
Gosto de me sentar ao sol, onde estão os bancos mais concorridos... casais, casais com cães, casais com filhos, os não casais, os ex-casais, o jornal e eu... o casal perfeito... pelo menos nesta manhã de domingo. Gosto também de olhar para as ávores... caladas... não há vento... como eu... não há vento... não saem do lugar... como será passar toda a vida num único lugar? ser sombra para os que passam... vão e voltam? volto ao jornal... distraio-me a olhar uma senhora, cabelos brancos, óculos no nariz, bengala na mão, vem sozinha... a segunda vez que passa por mim... anda aos círculos...
Entre as árvores imóveis e a senhora que passa... volto às folhas, não das árvores, mas do jornal... são tantas... mais do que o número de anos de uma vida... talvez... chego ao início, por fim... sempre bom voltar ao início... recomeçar e escolher novos círculos... o vento há de cuidar destas árvores... o tempo há de mostrar o caminho...
Foto: Olhares.com
sábado, 19 de janeiro de 2008
Quantos lados tem uma janela?
Paredes brancas encardidas, acabamento tosco, alguns móveis, muito lixo (daqueles que se acumula não se sabe porque... recordações), fotos penduradas por aí... mais recordações... tenho a vida toda dentro de malas... que nunca consigo desfazer... talvez para ter a sensação (ou a ilusão) de que estou pronta para ir embora... livre... despida do que quer que seja... (apesar de toda a roupa dentro das estúpidas malas)... a qualquer momento... Por que é tão difícil ir embora?! não apenas para qualquer outro lugar, mas para qualquer outra vida, vidas, tentativa, coração, armadilha, aposta, estrada...
E lá se vai outro avião... gosto de ver as suas luzes piscando... quando o dia começa a cair... E lá se vai outro dia...
E lá se vai outro avião... gosto de ver as suas luzes piscando... quando o dia começa a cair... E lá se vai outro dia...
Prólogo... de um mundo quadrado
Há 15 meses e 19 dias, tenho estado mais do que tempo num quarto, de onde passei a ver o mundo... através de uma janela do 10º andar... um mundo que se tornou quadrado... 16m2, meu mundo aqui dentro... até os dias em que resolvo estender a cabeça para fora da janela... poucas vezes, confesso. Daqui... vejo pouca (ou muita) coisa... uma escola para os miúdos, um cemitério de carros, um buraco (com um eficiente meio de transporte por lá), um pedacinho do aeroporto, e muitos, muitos aviões a descer e a subir... alguns prédios, alguns mais novos, cheiro a novo... casas velhas... lixo... uma estrada... e muitos carros a descer e a subir... paragens de autocarro.... e gente... a descer e a subir... uma enorme faixa num prédio em construção: "Nova vida na cidade", diz...
E não é coisa suficiente para toda uma vida... que me passa a frente... poderia me perguntar? sim... a estrada, levantar vôo, gente, casa, o passar dos carros, o lixo e, por fim, o cemitério... a ordem das coisas somos nós quem a damos... pelo menos aqui... posso ter esta ilusão... Mas esta "vida" nova na cidade... já não me basta... ou nunca me bastou...
Quero ver de outras janelas, com outros olhos... não só com os meus, mas com os teus também... empresta-me os teus olhos? quem me pudesse emprestar os olhos, e as veias, e o sangue, e os pensamentos, e o coração, por fim... Estendo-me na cama, deste lado de cá da janela, tento virar para o lado... o das paredes sem luz, não dura muito... logo me volto para ele... este mundo quadrado, de novo... sempre...
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