terça-feira, 28 de outubro de 2008

Alguém já viu o rosto do vento?


... cansa-me o cheiro do vento frio... o vento não pára.
Outro vento, tocou-me, tocou-te,
já não nos toca, toca-te a ti, levou-te para longe...
o tempo não pára.... ou pára... parou.
... cansa-me o escuro, as horas perdidas de sono,
as horas perdidas em que se espera... o que já não se espera,
não espero, mais...

"Em todas as ruas te encontro.
Em todas as ruas te perco."
Cesarinny
Foto: Olhares.com

domingo, 26 de outubro de 2008

o tempo parou... aqui dentro...

...e de repente apareceu no meu rosto um rosto de estrangeiro
e era também eu mesmo: era eu que crescia,
era tu que crescias, era tudo,
e mudamos
e nunca mais soubemos quem éramos,
e às vezes recordamos aquele que viveu em nós
e lhe pedimos algo, talvez que se recorde de nós,
que saiba pelo menos que fomos ele,
que falamos com a sua língua,
mas das horas consumidas
aquele nos olha e não nos reconhece...

Neruda