domingo, 18 de novembro de 2012

O recomeço

Novos lugares. Novos trilhos.
Rostos antigos.
Mesmos sonhos.
O amor que tarda em chegar.

Onde andarás tu?
Pergunto-me que trilhos percorrerás,
que passos darás,
que pensamentos terás.

Estarei eu lá,
da mesma forma que estás
tu, imagem que não cessa.
Noite, dia, noite.

Sonha com o dia em que
tua voz virá,
a gritar esperança, a convidar
para uma nova vida, recomeço.

Recomeçarei.
Recomeçaremos.
A vida tarda. Mas não cessa.




terça-feira, 13 de novembro de 2012

O amor há de voltar!

Espero-te, como as árvores que perderam suas folhas,
mas que sabem que aquelas hão de voltar.
Vento levou-as, caminham em outras terras, longe,
preparam-se para uma nova estação.

Espreitam, deixam a tempestade passar,
regressarão com o sol, a brisa quente.
O meu e o teu sorriso,
deixarão de ter a cor pálida da despedida.

Serão verdes, reluzentes, abrigo
à vida que aprendeu a voar, para regressar ao ninho.

Espero-te, como a luz que angustia toda a noite
por nova vida a cada manhã.
Noite levou-a, perdeu-se em sonhos,
no medo e na escuridão, mas que hão de partir.

Tu ficarás. Voltarás à casa,
ao coração que te espera. Como as flores de primavera.

Espero-te. Não tardes.

sábado, 3 de novembro de 2012

Morreu

A esperança morreu.
O sonho também.
A doçura, quem diria, também foi-se cedo.
A alegria, tão frágil, não resistiu.

Foram-se. Talvez se encontrem numa outra vida.
Vida? Esta, de agora, do ontem, também se foi.
Ficaram neste mundo a dor,
a solidão, o desespero, o descaso.

Mundo? Em que se transformou?
Nasceu para ser belo e próspero.
Sofrimento tira-lhe a juventude,
tira-lhe a paz, tira-lhe a força.

Sinto que também qualquer coisa
cá dentro morreu.
Será o coração? As vísceras?
Pele, olho, cabelo, saliva, lágrima.

Balão vazio não sabe voar.



terça-feira, 30 de outubro de 2012

Tempestade

A tempestade acalmou o coração
aqui dentro, a esperança me visitou
Da janela, o vento levava a vida,
para longe. Levou a dor. Que contradição.

Numa nova e fria manhã,
A vida para muitos não voltou. A dor sim.
Que hoje a tempestade é outra.
Aqui dentro, mais forte. Quer novamente arrancar a vida.

Vento forte da intensidade do meu medo.
Gritos abafados o fazem maior.
A verdade é que todos buscamos abrigo.
No amor. No teu olhar, a calmaria.

Que grande engano.
A tempestade sentimos todos nós.
Perdidos, jogados à fúria do tempo.
A tempestade cessou. O tempo nunca.




domingo, 21 de outubro de 2012

Flores

Que sentimentos serão esses
escondidos atrás das cores
de flores que me fizeram sorrir.
Numa noite eterna e breve.

Em teus olhos queria estar, enchergar-me através de ti.

Com que cores me veria?
Que nome me chamaria?
Que emoções de mim teria?

Ah se pudesse me ver através dos teus pensamentos.

Que palavras guardaria?
Que sonhos comigo teria?
Quem me dera conhecer que partes de mim conheces.

Flores de vidro não morrem.
As flores que me deste são reais.
Morrem. Mas alimentam-me o sonho.

Em teus olhos queria adormercer, para que quando
também tu adormecido, encontrassemo-nos
num tempo sem tempo, num lugar sem distância,
sem medo, sem partida. Apenas chegada.

sábado, 13 de outubro de 2012

O dia em que meu mundo resolveu mudar

Ainda cheio de dor
acordou cedo, buscara alívio no sonho
foi expulso de lá.

Da janela de um dia azul,
com uma luz que não deixava ver,
espreitar para onde foste,
lembrou-se:

Da força que trazia escondida.
Do desejo de ser maior.
Da esperança de sorrir.
Do amor que ainda pode dar.

Pedaços rasgados não
voltam à forma original.
Coração ficou fora de forma.
Mas ainda bate, baixinho.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Como...

Como se esquece um País?
Como se mata a saudade,
já não te vês sem que teus olhos
reconheçam os pedaços de ti emprestados.

Esquecer, lembrar, esquecer
mas sempre lembrar.

Como se esquece o amor?
Aceitar que vens e vais. Foste. Foram-se.
Guardar o que de melhor trouxeste.
Trouxemos, sem que a dor o leve também.

Como se aprende a dizer adeus
sem soletrar o teu nome?
Esquecer, lembrar, esquecer
e não mais poder lembrar.

Como se recomeça uma nova vida
depois de ti, depois da Cidade?
Novos pedaços de mim. Emprestados.
Não me deixes ir.
Não te vás. Fica para que eu não precise esquecer.

Apenas lembrar-me. De ti.