sábado, 19 de janeiro de 2008

Prólogo... de um mundo quadrado

Há 15 meses e 19 dias, tenho estado mais do que tempo num quarto, de onde passei a ver o mundo... através de uma janela do 10º andar... um mundo que se tornou quadrado... 16m2, meu mundo aqui dentro... até os dias em que resolvo estender a cabeça para fora da janela... poucas vezes, confesso. Daqui... vejo pouca (ou muita) coisa... uma escola para os miúdos, um cemitério de carros, um buraco (com um eficiente meio de transporte por lá), um pedacinho do aeroporto, e muitos, muitos aviões a descer e a subir... alguns prédios, alguns mais novos, cheiro a novo... casas velhas... lixo... uma estrada... e muitos carros a descer e a subir... paragens de autocarro.... e gente... a descer e a subir... uma enorme faixa num prédio em construção: "Nova vida na cidade", diz...

E não é coisa suficiente para toda uma vida... que me passa a frente... poderia me perguntar? sim... a estrada, levantar vôo, gente, casa, o passar dos carros, o lixo e, por fim, o cemitério... a ordem das coisas somos nós quem a damos... pelo menos aqui... posso ter esta ilusão... Mas esta "vida" nova na cidade... já não me basta... ou nunca me bastou...

Quero ver de outras janelas, com outros olhos... não só com os meus, mas com os teus também... empresta-me os teus olhos? quem me pudesse emprestar os olhos, e as veias, e o sangue, e os pensamentos, e o coração, por fim... Estendo-me na cama, deste lado de cá da janela, tento virar para o lado... o das paredes sem luz, não dura muito... logo me volto para ele... este mundo quadrado, de novo... sempre...

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