Desço, compro o jornal, folhas de papel a anunciar um mundo enlouquecido... escondo-me no parque em frente, não à minha janela, mas à porta de saída... gosto de começar pelo fim, as últimas páginas, mania de quem tem pressa, não saber esperar, ou folhear aos poucos, no ritmo indicado, na ordem indicada, por números... toda a vida indicada por números... a idade, o pior deles... não... pelo menos com o meu jornal, deixem-me começar de outra forma... começar depois de uma noite de tertúlias... "saiu para passear com a esposa", não fosse este o grande disparate da noite... disparate é viver... disparate são os finais felizes... será que ainda existem?!
Gosto de me sentar ao sol, onde estão os bancos mais concorridos... casais, casais com cães, casais com filhos, os não casais, os ex-casais, o jornal e eu... o casal perfeito... pelo menos nesta manhã de domingo. Gosto também de olhar para as ávores... caladas... não há vento... como eu... não há vento... não saem do lugar... como será passar toda a vida num único lugar? ser sombra para os que passam... vão e voltam? volto ao jornal... distraio-me a olhar uma senhora, cabelos brancos, óculos no nariz, bengala na mão, vem sozinha... a segunda vez que passa por mim... anda aos círculos...
Entre as árvores imóveis e a senhora que passa... volto às folhas, não das árvores, mas do jornal... são tantas... mais do que o número de anos de uma vida... talvez... chego ao início, por fim... sempre bom voltar ao início... recomeçar e escolher novos círculos... o vento há de cuidar destas árvores... o tempo há de mostrar o caminho...
Gosto de me sentar ao sol, onde estão os bancos mais concorridos... casais, casais com cães, casais com filhos, os não casais, os ex-casais, o jornal e eu... o casal perfeito... pelo menos nesta manhã de domingo. Gosto também de olhar para as ávores... caladas... não há vento... como eu... não há vento... não saem do lugar... como será passar toda a vida num único lugar? ser sombra para os que passam... vão e voltam? volto ao jornal... distraio-me a olhar uma senhora, cabelos brancos, óculos no nariz, bengala na mão, vem sozinha... a segunda vez que passa por mim... anda aos círculos...
Entre as árvores imóveis e a senhora que passa... volto às folhas, não das árvores, mas do jornal... são tantas... mais do que o número de anos de uma vida... talvez... chego ao início, por fim... sempre bom voltar ao início... recomeçar e escolher novos círculos... o vento há de cuidar destas árvores... o tempo há de mostrar o caminho...
Foto: Olhares.com
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