segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Como...

Como se esquece um País?
Como se mata a saudade,
já não te vês sem que teus olhos
reconheçam os pedaços de ti emprestados.

Esquecer, lembrar, esquecer
mas sempre lembrar.

Como se esquece o amor?
Aceitar que vens e vais. Foste. Foram-se.
Guardar o que de melhor trouxeste.
Trouxemos, sem que a dor o leve também.

Como se aprende a dizer adeus
sem soletrar o teu nome?
Esquecer, lembrar, esquecer
e não mais poder lembrar.

Como se recomeça uma nova vida
depois de ti, depois da Cidade?
Novos pedaços de mim. Emprestados.
Não me deixes ir.
Não te vás. Fica para que eu não precise esquecer.

Apenas lembrar-me. De ti.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Instante

Seria mais fácil deixar-te partir
Esquecer, tua face naquela manhã cinza
vento forte traz mudança
levou-te, leva meu coração.

Quem dera os olhos não te verem
Não terem te encontrado
Trairam-me, trai-me,
Tem os olhos a afogar-se.

Chove, lágrimas por alguém que se foi
por si, pelo caminho perdido.
Abraçada a si mesma, fechou-se ainda mais
no medo que o silêncio e a partida provocam.

É preciso coragem para matar esperança.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Silêncio

O silêncio contou-me,
disse que não vinhas,
queria acreditar que mentia
é tolo, fez-me chorar.

Falou-me dos sonhos de amor
que não são como flores da primavera,
são folhas de outono
vão-se com o vento nos dias azuis que se despedem do verão.

Gritou que o coração se engana
porque quer sonhar,
acreditar nos encontros raros, mas reais.

É tolo, o coração.
Que este silêncio ensurdece.
Que não deixa ver a vida que há por sentir.
No silêncio, fico.